sábado, abril 19, 2008

porque é que é tão difícil?

nas últimas aulas de língua gestual temos estado a ver vídeos de histórias infantis. nas histórias que já conheço, tudo bem, vou percebendo, mas nesta última aula vimos a história de mamadú, um menino surdo africano que tem que vir para portugal para fazer os seus estudos, pois no seu país de origem não tem essa hipótese. embora tenha percebido linearmente a história, muitos pormenores falharam-me. já tinha essa experiência de ver os programas com tradução em língua gestual na televisão, quando experimento tirar o som. a dificuldade reside em conseguir separar um gesto de outro, uma vez que eles são feitos todos em sequência. é como se fosse um texto escrito sem espaços entre as palavras e tivessemos que individualizá-las. além disso, como ainda há alguns gestos que tenho que pensar para me lembrar do seu significado, quando volto a focar a atenção na história, já se passaram 4 ou 5 gestos a que não prestei atenção. voltando à comparação com o texto escrito sem espaços entre as palavras, temos que juntar a nuance de que as palavras vão desaparecendo, de maneira que não podemos voltar atrás. ou as captamos logo ou nada feito. uma coisa é falar em língua gestual, ao nosso ritmo, outra bem diferente é "lermos" o discurso gestual das outras pessoas. eu, que até tenho bastante facilidade para aprender outras línguas faladas ou escritas, às vezes sinto-me frustrado por depois de tantos anos a ter aulas de língua gestual ainda ter estas dificuldades. sei que alguns elementos da comunidade surda acham que estas dificuldades dos ouvintes em relação à língua gestual só acontecem por nos esforçarmos pouco. mas não. é dificuldade mesmo. e eles, os surdos, aprendem tão rapidamente. mesmo aqueles que foram educados na tradição oralista, em pouco tempo dominam a língua gestual. que inveja!

segunda-feira, abril 07, 2008

Plano Tecnológico da Educação

Achei por bem partilhar convosco a notícia de que o Pedrinho finalmente vai beneficiar de um computador portátil, a partir do programa e.escola, e as duas terapeutas ocupacional da A.P.P.C., núcleo de Faro, que trabalham há já alguns anos com o Pedro irão formalizar a adquisição do computador e adaptá-lo para ele. Foi a melhor notícia da semana passada. :-))
O Programa e.escola é abrangente e como disse o pai do Pedro, não me cabe a mim fazer a respectiva publicidade, no entanto também quero partilhar convosco que no referido programa, foi criado um regime especificamente dirigido a beneficiários da iniciativa com necessidades educativas especiais de carácter permanente, garantindo-lhes o acesso a computadores adaptados, sem quaisquer encargos adicionais. De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros publicada no Diário da República, o alargamento deste programa aos jovens com necessidades especiais no acesso às novas tecnologias da informação e da comunicação justifica-se, nomeadamente, tendo em conta o princípio da não discriminação e da integração das pessoas com deficiências e incapacidades em contextos não segregados. Para mais informações consultar a Resolução do Conselho de Ministros publicada no Diário da República ou http://www.min-edu.pt/outerFrame.jsp?link=http%3A//www.eescola.pt/.

sexta-feira, abril 04, 2008

tranquilidade

hoje, chegado a casa, cansado, olhei para o pedro e vi um rapazinho. talvez tenha sido por ele ter cortado o cabelo e estar verdadeiramente bonito. e durante o jantar, dei por mim a olhá-lo de uma maneira diferente. não consigo bem explicar por palavras, mas olhei-o de uma maneira diferente. não vi o que o vírus destruiu, mas sim aquilo que foi poupado. pensei o quanto amo esta pessoazinha que ele é, com a sua personalidade, a sua força, a sua vontade de viver e a sua sensibilidade. há muito tempo que valorizo mais aquilo que ele é do que aquilo que foi destruido pelas lesões do vírus, mas hoje foi, de alguma maneira inexplicável, diferente. o pedro vai crescendo e transformando-se. cada vez mais tem o seu mundo próprio, a sua vontade, as suas preferências, as suas posturas e atitudes. é diferente de todas as outras crianças, mas não são todas as crianças diferentes entre si?