ilhas sociais? não obrigado!
um psicólogo que trabalha nestas áreas das crianças com deficiência e respectivas famílias disse-nos há uns tempos que as famílias com crianças portadoras de deficiência tinham tendência para se tornarem ilhas sociais. com esta expressão queria ele dizer que o facto de existir uma criança com essas características seria factor de isolamento social do todo familiar. acredito que sim, que é verdade, é difícil gerir as reacções que muitas vezes os outros, amigos ou não, têm, sendo por vezes mais fácil ficar em casa e "desligar" do mundo, correr as cortinas e não querer saber, não querer lidar com essas sensações incómodas. nada mais errado. lutar contra esse isolamento social é mais uma das "missões" que temos a nosso cargo como pais, pois o preço desse isolamento é demasiado caro, para nós, para os irmãos, para a própria criança. este fim de semana fomos a uma festa de anos de uma amiga, toda a família. embora conhecessemos alguns dos outros convidados, havia muita gente com quem estávamos a lidar pela primeira vez. como o pedro está nesta fase exuberante de exploração da sua autonomia física, não parou um momento, de início, a querer explorar aquela casa desconhecida, era impossível não se dar por ele. passada aquela fase inicial de convívio entre pessoas que não se conhecem, correu tudo optimamente. foi muito bom verificar que ele foi bem aceite por todos, conhecidos e desconhecidos, não houve daquelas reacções idiotas de coitadinho, o que é que aconteceu com o menino, nem conversas a tentar aprofundar o assunto, de pretensa compaixão, de cuscuvilhice. apesar de ser surdo, o pedro é bastante comunicativo, mesmo com estranhos. mete-se com as pessoas, tenta comunicar à sua maneira. foi isso que fez. esteve a brincar no quarto onde estavam reunidos as crianças e adolescentes, cirandou por toda a casa e, quando o sono chegou, foi dormir para a cama dos donos da casa. o serão prolongou-se e já era bastante tarde na madrugada quando regressámos a casa. tivemos que acordá-lo, agasalhá-lo e voltar para o nosso aconchego. tal como faziamos com os irmãos quando eles tinham a idade do pedro.
9 comentários:
Que bom que se divertiram este fim-de-semana.
Nós também fomos a uma festa de anos em que a maior parte dos convidados não eram nossos conhecidos. É inevitável os olhares, olham para o meu filho de uma forma parece que estão a tentar descobrir o que se passa.
Sinceramente não me afecta. Para quebrar um bocado o gelo tento ser eu prórpia a puxar a conversa, explicar um pouco o que se passa, informar. Gosto que façam perguntas, gosto de explicar o que a maioria desconhece...as partidas da genética!
No entanto há dias em que realmente apetece esconder-me em casa...seria mais fácil...o sossego...mas por ele e por nós tento não cair nessa tentação.
Beijos a todos!
Que bom...penso fazer os mesmo apesar dos olhares indiscretos. Com a idade do Rodrigo as pessoas ainda não se apercebem que ele tem problemas, talvez fiquem na dúvida. Contudo, penso fazer tudo com o meu filho, ir a todo o lado e não me privar de nada...apesar das limitações dele.
Beijos para uma família fantástica...e um especial para o Pedro.
PS. que bom que o Pedro está a ganhar a sua independencia física...talvez um dia!!!possa dizer os mesmo do Rodrigo...quem sabe?!!
Este tema é realmente interessante, pois só assim compreendo melhor estes comportamentos familiares, contra os quais luto, mas sem sucesso. É bom saber que se conseguem ultrapassar, perceber e compreender os outros à sua volta.
Um abraço. Lina
Engraçado...nunca tinha lido nada sobre isto, mas entendo.
Sabes aquela expressão "quando for grande quero ser como tu?"...pois é isso mesmo !!! Agora por regra não reparam muito no JP pois não dá nas vistas, só que está sossegado, mas quando o ponho no parque, no baloiço, etc, dá-se logo por ela, claro !!! Pois acham que eu deixo de fazer as actividades que ele ADORA porque no fundo é uma CRIANÇA ? Nem pensar !!! Olhares cuscos, perguntas subtis...olhares simpáticos e carinhosos, ou alguns fortemente irritantes...quero lá saber. Fico na minha e adoro SER ASSIM !!!Se forem educados e quiserem saber, explico resumidamente (mas cada vez evito mais as explicações, pois o JP DETESTA !) e faço como se nada se passasse. Não acho ser uma atitude de "enfiar a cabeça na areia". Acho é que a "diferença" devia ser mais "normal", menos valorizada. Eu faço a minha parte. Expomo-nos, vamos a festas, actividades, etc, etc...fazemos tudo a que uma crinça e seus pais têm direito.
Excelente POST !
BJS
Parabens!!
Pelo que contam, vocês teem um filhote maravilhoso.
E todos vocês, sem serem a tal "ilha", parecem ser excelentes.
Abraço.Pedro
Ilhas sociais? ARG! Ainda bem que não alinham nisso. Não tem nada a ver com especificidades mas com mentalidades. Mais ilha me sinto eu às vezes por ser posta de parte por trabalhar na área em que trabalho, como se fosse terra de ninguém. Azar de quem se choca. Só sei que na segunda vou ver os Stones e vou muito bem acompanhada. Quantas ilhas fazem um continente? :o)
Um abraço gigante aí para casa!
Pois é, essa questão também ja tenho falado coma psicologa, inicialmente quendo tinha que lidar com as atitudes mais parvas apetecia-me estar mesmo numa ilha só eu e a lobita, agora já não penso que quem tem problemas com isso que resolva porque nós estamos muito bem.
Beijinhos grandes para toda a vossa alcateia
gosto dessa perspectiva, lobita. se alguém tem problemas em encarar os nossos filhos com normalidade, que os resolva. o problema está neles e não em nós e nos nossos putos. :)
Fixeram bem em levar o Pedro em convívios até porque assim ele não se sente excluido pela sociedade e para que ele começar a lidar com a sua deficiência naturalmente..
confissoesdeumasurda.blogs.sapo.pt
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