agosto com pedro
o novo cartão da tvcabo dá acesso temporário a todos os canais. penso que o pedro gostará de ver o disney channel, mas ele pede-me é ciclismo. desde o tour de france que se fixou no ciclismo. se não houver ciclismo, faz-me o gesto de corrida, que é como quem diz atletismo. também não há atletismo, mas há saltos de ski em pista de relva. faz-me o gesto com a mão fechada e com o polegar esticado, um gesto comum aos gestos que os ouvintes empregam enquanto falam e que quer dizer ok!. continua fixado nos canais de desporto, só não o deixamos ver desportos de combate por razões óbvias, por vezes a violência é demasiada. não temos um gesto genérico para desporto, mas o vocabulário dele vai aumentando. pedalar para ciclismo, correr para atletismo, futebol, bola ao ar para voleibol. decididamente o desporto é uma paixão.
o pedrinho está de férias em casa desde o início do mês, eu tenho estado a trabalhar até ao feriado de dia 15, o que quer dizer que ele tem estado principalmente com a mãe. o irmão mais velho já tem a sua vida própria, trabalhou num bar também até ao feriado e depois foi acampar com amigos, a irmã esteve de visita aos primos na suíça. pedro a tempo inteiro com a mãe e agora comigo também. o rapaz está exigente e confiante. tentamos desenvolver a sua autonomia e diminuir a sua dependência, mas logo de manhã, vem a andar, descalço, desde o quarto dele até ao nosso (nova conquista). já não gatinha. não descansa enquanto não nos acorda, todo ele é energia, dormir até mais tarde nem pensar.
as pequenas hipotonias voltaram, uns dias mais outros menos. duas crises de epilepsia pelo meio, para nos relembrar que ela existe e que estes seis meses sem crises foram apenas um interregno. chegamos a recear uma nova série de crises, mas parece que não. a última foi há 12 dias, à beira de uma piscina, com a mãe e a irmã enquanto eu estava no trabalho. agora que ele anda autonomamente, receei que se as hipotonias regressassem lhe iriam prejudicar a marcha, mas parece que não. de vez em quando as pernas fraquejam, mas a vontade dele de andar supera as dificuldades. fico contente por isso.
pedrocas a tempo inteiro não é pera doce, como se costuma dizer. tudo acaba por rodar à volta dele, em função dele. estando de férias não nos apetece ser muito sistemáticos, muito regrados, mas o standing e a tala nocturna não podem faltar. os banhos de piscina também não, que a água é um excelente meio de diversão e de mobilização. embora o professor de natação não goste, vai para a água de braçadeiras pois isso dá mais liberdade a todos. começa a usar o braço direito para nadar, em alternância com o esquerdo, feito que não conseguimos desenvolver nas aulas de natação. na zona onde ele "tem pé", tiramos-lhe as braçadeiras às vezes. acima de tudo, o que importa é a brincadeira e a descontracção, o estarmos bem em família. por vezes penso que talvez pudessemos aproveitar esta nossa disponibilidade total para o estimularmos mais, mas acredito que ele e nós também temos direito a simplesmente estarmos de férias e não sentirmos a pressão da sistematização, dos horários, das obrigações.
segunda-feira vamos viajar. só nós dois, o casal, que temos direito a estarmos só os dois durante uns dias. dedicarmo-nos exclusivamente um ao outro, que a vida por vezes, no meio do reboliço e da azáfama, quase não nos deixa estar em contacto. é um acto de egoismo, poderão pensar, mas os pilares fundamentais têm que ser reforçados, pois são eles que aguentam toda a estrutura. o pedrinho e a irmã vão ficar bem entregues aos cuidados do avô paterno, vai perguntar pelos pais, mas vai continuar com a sua piscina, com os seus passeios, com a sua vida. e nós, quando regressarmos, vamos vir com as energias renovadas.
5 comentários:
Pai do Pedro: "talvez pudessemos aproveitar esta nossa disponibilidade total para o estimularmos mais, mas acredito que ele e nós também temos direito a simplesmente estarmos de férias e não sentirmos a pressão da sistematização, dos horários, das obrigaçõe"... CONCORDO 100 % contigo. Nunca saberei se faço bem ou mal, mas a verdade é a as nossas férias e as dele , ou seja de 20 de Julho até 3 Setembro, está tudo muito light. Standing tentamos sempre pelo menos 1 vez por dia...talas sempre e felizmente está completamente habituado. Nem resmunga, nem acorda. A verdade é que acho que "um pouquinho de férias" para todos tb há-de fazer bem...se não for fisicamente , então que seja psicológicamente. Em Setembro voltamos à carga...com as nossas rotinas que não são nada Light.
É girissima essa "obcessão" por desporto ! O facto é que o meu JP também adora ver os meninos a correrem...Ri-se quando me vê dançar (se calhar é para rir mesmo, lol)....
Quanto ao pequeno acto de egoísmo...acho fantástico e sou 100 % adepta de deixar as criancinhas desde que fiquem bem, para reavivar ou simplesmente disfrutar em casal...antes deles, já nós, os papás eram um casal...e é preciso namorar, ser egoísta. É um egoísmo que mais tarde eles agradecem...Força, divirtam-se, descansem. Voltem como novos ! E tragam muitas novidades.
Em relação ao mano para o JP, concordo contigo que faria bem a todos na teoria, mas na prática, alguém iria perder a sanidade mental (provavelmente eu)...o meu trabalho é bastante esgotante e a vida actual com o JP também. Não me sinto com forças...talvez seja diferente daqui por uma ano ou dois. A porta não fica fechada.
Um grande beijinho para vocês e aproveitem MUITOOOOOO! Excelentes férias.
Ora nem mais, os pais também merecem de umas férias a dois, sem stresses e preocupações, já que o resto do ano é baseado a isso.
Fico contente que o Pedro esteja a evoluir bem e que continue interessado no desporto!
confissoesdeumasurda.blogs.sapo.pt
Pai do Pedro,
De tudo que vc disse o que mais me chamou atenção foi quando vc comentou sobre as crises epiléticas de Pedinho. Minha pequena fez 10 (dez) meses sem ter crise, agradeço a Deus por isso, mas vivo com medo da próxima, se houver, se tiver que ser ou tem quem ser não sei...
Essa é uma dor que me destrói por dentro, agora ela tem 3 (três) anos e está na escola, sei lá, penso e temo tantas coisas... Quando vc disse que a nova crise de Pedrino te lembrou apenas que elas existem, suponho que não tenho essa força, para olhar as coisas como elas realmente são como vc faz, semprer tenho a esperança que essas crises não voltem e que ela consiga andar sem ajuda ainda que mancando, embora uma vozinha lá dentro diga que não, ou seja a razão.
Feliz férias para vcs!
A minha médica disse que eu e o pai dela também precisamos de diversão, que estamos estressados, sei que preciso, mas são tantas as atribuições...
Força sempre!
Cláudia
Um bom Agosto, com tudo o que permanece dando o mundo a ideia de parar, com evoluções e sorrisos também. Os filhos crescem e nós queremos um pouco férias de tudo. Eles não páram e nós adoçamos por pensar que tudo o que passa por eles e tudo o que conquistam nas suas várias fases nos enriquece. O casal, os pilares, sim, precisa de se encontrar e subsistir a tudo, namorar é preciso, cultivar o amor, muito, só podemos dar o que temos e os filhos precisam de nós inteiros. Um abraço para essa equipa de amigos, do fundo do coração.
cláudia, realmente as crises são uma chatice e tal como tu pensamos como seria bom se se fossem embora definitivamente. talvez quando o crescimento parar ou abrandar... as crises têm origem nas cicatrizes que ficaram no cérebro, por causa das lesões. são circuitos, áreas, que não trabalham bem e por vezes disparam impulsos eléctricos. os antiepilépticos diminuem essa actividade anormal, mas não retiram a porção de tecido nervoso que emite os impulsos. por vezes duram só durante alguns anos, outras persistem toda a vida e podem modificar-se ao longo do tempo. é óbvio que complicam muito a situação, até por causa do desconhecimento generalizado, para não dizer ignorância, que as pessoas em geral têm em relação ao tema. no passado, eram interpretadas como manifestações do demónio. hoje em dia assustam, mas ainda há uma série de tabús que é preciso quebrar. os profissionais que lidam com os nossos filhos, em contexto educativo e outros, não estão preparados para actuar em caso de crise e, infelizmente, essa preparação é deixada muitas vezes aos próprios pais, que muitas vezes também não sabem lidar com elas tão bem quanto isso. uma das decisões difíceis é quando aplicar o medicamento de s.o.s. durante as crises, o tempo parece parar, e ninguém se põe com um cronómetro (eu, pelo menos não consigo ter esse sangue frio) a contar o tempo de duração da crise. acabamos por atingir uma noção subjectiva de quando a crise está a durar demasiado tempo, mas essa noção não se consegue passar, ensinar, às outras pessoas.
a vossa médica é capaz de ter razão, quanto ao vosso stress. aliviar os níveis de stress é uma coisa que deveriamos aprender. desenvolver estratégias conscientes para isso. praticar desporto ou um hobby criativo ajuda, e por vezes tem que ser mesmo incluido à força no nosso horário semanal. o esforço adicional depois compensa. eu digo isto, mas nem sempre consigo cumprir...
beijos para vocês duas
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