incertezas
andamos com algumas dificuldades na estimulação intelectual do pedro. nunca compreendemos muito bem quais as reais capacidades cognitivas dele. há dias em que não se consegue nada dele, está disperso, não se concentra em nada, não quer terminar nenhuma tarefa. outras vezes, tem reacções que requerem raciocínios complexos. não sei se é da surdez e da dificuldade de comunicação inerente, se é da paralisia cerebral, se é da mimalhice. o mais provável é ser de tudo junto. umas vezes sabe realizar determinadas tarefas, outras vezes parece que regrediu e desaprendeu tudo. isto dá alguma insegurança quanto ao futuro dele. outra questão, que está relacionada, é a disciplina. está difícil impôr algumas regras ao rapaz. quando nos zangamos com ele, a maior parte das vezes ri-se e repete a acção que provocou a nossa zanga. está a testar os limites, eu sei, mas isto faz com que tenhamos que nos zangar a sério e por vezes lá tem que sair uma palmada. quando eles ouvem, a modelação do tom de voz costuma ter efeitos eficazes. também é possível aplicar o mesmo princípio na língua gestual e na expressão facial, mas para ouvintes como nós, não é fácil traduzir por gestos e pela expressão o grau da nossa zanga. ser firme é uma regra de educação e de ensinamento de regras, mas com o pedro a tarefa está a ser bem mais difícil do que com os outros. fiz uma busca na net à procura de dicas ou de qualquer sistematização sobre o assunto, mas não encontrei nada. alguém tem alguma ideia?
10 comentários:
Olá!
Imagino como será.
O meu filho só agora está a começar a interagir conosco. Só que as brincadeiras dele são puxar o nosso cabelo e beliscar a face e doi que se farta!
Já tentei impor alguma disciplina, cara séria, tom mais agressivo e uma leve sapatada na mão...mas qual quê...ri-se e volta a fazer o mesmo!
Beijinhos!
Ai amigo...eu ando com o mesmo...será que passa ? Não conheço o teu Pedrokas, mas algo me diz que ele entende...e bem...mas é conforme lhe dá jeito...lembra-te lá como eras quando tinhas a idade dele...eras assim tão ingénuo? Pois, ele tb deve sabê-la toda . Eles mesmo não ouvida, entendem. Tem olhos, e sensibilidade para perceber o quu é certO, errado, bom ou mau. Não te deixes levar...
Bem , obviamente é uma suposição. Tu lé has-de saber melhor.
Mas é sempre muito mais fácil falar a teoria, não é? Pôr em prática os ralhetes, castigos, etc....ui, não é nada fácil . Junta-te ao clube
Beijos divertidos e desculpa a falta de ideias...
Olá Pai do Pedro, hove um ano em que trabalhei com um aluno surdo-mudo e ele percebia perfeitamente quando estavamos zangados com ele. Era atraves do olhar e da expressão da face. Claro que o aluno não tinha paralisia cerebral... Tentem mostrar que ficam tristes com ele, e arrajem um local para ele sentar quando se porta mal... São dicas... Quem sabe, talvez resulte. Um abraço. Lina
1. A designação surdo-mudo já está há bastante tempo na reciclagem
2.o surdo, como os pais do Pedro sabem,desenvolve uma enorme acuidade visual, e é com esta que percepciona de modo muito subtil o ambiente físico- social que o contorna, relegando,obviamente o ambiente sonoro.
3. penso então que o "semblante" e a firmeza, não a tristeza,são pontos fortes para as "manhozices" de qualquer Criança.
4.o desnvolvimento cognitivo numa criança surda é menos perceptível, assim como a sua inteligência; todavia estes habitam-no... apenas se manifestam de forma mais subtil, diferente e silenciosa. não são padronizados. seguem, isso sim,a sua "curva" específica.
o futuro é já Hoje... e...
"O ESSENCIAL É SABER VER!"
A. Caeiro
anónimo:
obrigado pelas suas palavras, que no essencial, já sºao do nosso conhecimento. realmente há surdos, hã mudos e há alguns (poucos) surdos-mudos. o pedro é apenas surdo. sobre o desenvolvimento cognitivo, também sabemos que é diferente do dos ouvintes, tem timings e características diferentes. a nossa dúvida essencial é se o vírus que esteve na base da surdez e da paralisia cerebral também lhe afectou as capacidades cognitivas, dúvida que nunca ninguém nos soube esclarecer. penso que a surdez e a paralisia cerebral têm dificultado sinergicamente o processo das suas aprendizagens. o que não conseguimos perceber é o seu potencial. mas há indícios de que ele realiza alguns raciocínios complexos. o futuro o dirá. gostava de descobrir era estratégias para potenciar as suas capacidades...
Não sei o que dizer.. mas surdez e com a paralisia mental é de facto muito complicado! Mas que idade tem o Pedro?
confissoesdeumasurda.blogs.sapo.pt
1. Desconhecia essa divisão tripla dos cidadãos com Surdez. Enfim… ´gavetinhas`
Reconheço, e por isso o digo, o Pai-do-Pedro dá um contributo indubitável para o desenvolvimento e implementação de uma linguagem mais adequada, ou seja mais HUMANIZADA, para nos referirmos a crianças ou adultos portadores de deficiências e por consequência com NE. Daí resulta de igual modo uma crescente e mais justa Inclusão Social.
É notório o salto qualitativo entre a sua Linguagem e aquela que constitui o texto do livro, de que tem vindo a fazer algumas transcrições.
2. Na actualidade existem imensos recursos, estou a referir-me concretamente à potencialidade do computador (não pensando obviamente em Jogos), enquanto estimulante do desenvolvimento cognitivo.
Pequenos “dossiers” com pequenas frases relacionadas com o quotidiano e família, frases /palavras acompanhadas de imagens, estimulando a leitura e consequente escrita; lido e e explorado antes do adormecer… ou os pequenos contos de encantar, “short stories” organizadas em pequenas frases fraccionadas, acompanhados de muita imagem…com o recurso ao computador. Para além da cor e forma existe o movimento::: um estímulo muito mais dinâmico, e claro que os jovens pais conhecem e praticam… e claro, sabemos que o fazem na escola, mas… …aqui, claro, entra a tal questão de que, cada família é uma família e cada criança uma criança.
3. Em recente pesquisa ao snripd, deparei-me com a informação de um mestrado na univ. lusófona,
“Comunicação Alternativa e Tecnologias de Apoio”.
http://www.snripd.pt/document/mcata.pdf
com diversos seminários anunciados, entre os quais:
- Teorias e Sistemas de Comunicação: Especificidade Aumentativa e Alternativa
- Metodologias e Técnicas de Comunicação Alternativa
- Laboratório de Sistemas de Comunicação Alternativa
- Didáctica Comunicacional e Desenvolvimento Cognitivo
- Organização e Sistemas de Informação Inclusivos
- Competências Comunicativas, Inclusão e Qualidade de Vida
Como se vê, uma enorme abertura e uma miríade de possibilidades no horizonte, para as Crianças com NEE.
Já tinha tido a referência a “Comunicação Aumentativa” ; desenvolvimentos recentes, que desejo, os seus efeitos positivos cheguem de facto às Crianças e elas usufruam verdadeiramente de todo este Desenvolvimento, não se difundindo apenas por ´papers`, relatórios, e ´trabalhos` académicos sobre….; com vista à obtenção de Graus e Postos________________________________________
De facto, segundo observo, existe na actualidade um largo espectro de possibilidades de superação das deficiências, a que as novas tecnologias têm vindo a dar um sopro irrefutável e indiscutível. Elas estão aí.
anónimo, a mudez nada tem a ver com a surdez. existem pessoas mudas, sim, que a maior parte das vezes não são surdas. no imaginário popular é que as duas situações andam de mãos dadas. obrigado pelas dicas, vou explorar.
Ok. Tudo Bem, caro Pai-do-Pedro,
anónima
Dia Nacional de Educação de Surdos
«É necessário ter coragem de afirmar e caracterizar a diferença de ser surdo!»
No passado, o uso da língua gestual e das novas tecnologias de apoio à surdez era um meio desconhecido na educação de surdos. Considerados incapazes de ser ensinados, não frequentavam escolas e eram, muitas vezes, excluídos da sociedade. Ao longo das últimas décadas, a área conhecida como Educação do Surdo tem vindo a sofrer mudanças consideráveis que permitiram alterar este cenário. A Professora Isabel Monteiro da Costa, da Escola Superior de Saúde da UA, explica como é que essas transformações têm contribuído para afirmar e caracterizar a diferença de ser surdo!
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A área conhecida como Educação do Surdo tem vindo a sofrer mudanças consideráveis ao longo das últimas décadas. Por um lado esta situação reflecte a evolução do tipo de conhecimento e compreensão sobre o que é ser surdo e de forma mais específica sobre a Língua Gestual. Por outro lado, a abrangência das mudanças verificadas relacionam-se muito de perto com os progressos verificados em pedagogia, psicolinguística, de forma mais específica no campo da aquisição e desenvolvimento da linguagem, e em áreas tecnológicas de suporte instrumental à surdez. Todas juntas, estas mudanças, permitiram o aparecimento de novas perspectivas e opções aos pais, aos alunos e ainda aos educadores em geral (educadores de infância, professores, psicólogos, terapeutas da fala).
Da história da educação fica-nos essencialmente a lição da incapacidade em reconhecer a heterogeneidade dos alunos surdos, particularmente em termos das capacidades e necessidades comunicativas de cada um. Ao longo dos tempos fomos conhecendo escolas de abordagens educativas caracterizadas pela implementação de um determinado método de comunicação pouco sensível às necessidades individuais de cada surdo. Ainda hoje se assiste a uma disputa entre educadores e escolas sobre o método de educação do surdo baseado no desrespeito de uma premissa fundamental: não há método ou contexto educativo que sirva as necessidades de todos os alunos!
Tradicionalmente, as grandes discussões sobre a educação de crianças surdas assentam na defesa fundamentalista de duas vertentes: a oralidade e o uso da língua gestual. Nesta perspectiva estas duas opções educacionais funcionam como mutuamente exclusivas. Em Portugal continua a assistir-se a debates infindáveis entre a comunidade surda, a qual defende a língua gestual portuguesa como a língua materna de qualquer surdo e, por consequência, a única via completa de educação, e os que participam no desenvolvimento e criação de novas tecnologias de apoio à surdez, defendendo um acesso cada vez mais garantido a uma educação baseada na audição e oralidade.
Os argumentos de ambas as facções são sempre válidos para realidades específicas e não para a vida de cada surdo! Servem aspectos específicos do seu desenvolvimento e não a sua sociabilização alargada à maioria dos contextos implícitos à vida de cada ser humano.
Da minha experiência, como terapeuta da fala, de quase vinte anos de trabalho junto de pessoas com surdez, constato que muitas delas sofrem as consequências de mudanças bruscas, e atrevo-me a dizer quase erráticas, de orientação comunicacional e educativa. Assistimos ainda a tomadas de decisão enraizadas em crenças individuais muitas vezes pouco fundamentadas de saber específico e interdisciplinar sobre desenvolvimento cognitivo, social e linguístico na surdez. Por consequência assistimos também a crianças mal apetrechadas para um bom desempenho comunicacional e académico!
É fundamental reconhecer que a maioria das crianças surdas nascem em famílias de ouvintes e que a base de toda a sua educação se deve centrar na informação e formação dos pais e familiares, seus interlocutores principais nos primeiros tempos de vida, e não apenas na sua entrada para o ensino formal. As experiências precoces permitem-nos aprender capacidades de interacção com os demais através de um acumular de experiências mediadas por formas de comunicação. Nos bebés surdos estas formas de comunicação estão alteradas e os pais não estão naturalmente, fisiologicamente, apetrechados com vias alternativas. Torna-se imperioso “ensinar” os pais a comunicar efectivamente com os seus filhos! A forma de comunicação não deve constituir o centro único da questão mas sim o conseguir comunicar algo de concreto e fundamental ao desenvolvimento posterior de cada criança!
A tomada de decisão de um modo específico de comunicação, gestual ou não, não deve obedecer unicamente a movimentos políticos e sociais de identidade cultural ou a apelos desumanizados de parte da comunidade científica! A tomada de decisão deve ser tratada com rigor e suportada por conhecimento das vantagens e desvantagens de várias opções e sobretudo deve ser centrada nas características individuais de cada surdo. Os pais não devem sentir-se pressionados, culpados ou envergonhados porque querem os seus filhos educados com implante coclear ou segundo uma abordagem gestualista!
Os educadores não devem ser agentes directos de opinião das famílias porque consideram uma abordagem melhor e mais efectiva que outra! Devem acompanhar os pais e as crianças no conhecimento de todas as hipóteses educacionais e educativas e devem, portanto conhecê-las, de facto, também! Os educadores têm uma responsabilidade acrescida na criação de melhor educação para as crianças surdas desde o início, visando a promoção de uma comunicação efectiva entre estas e os seus familiares e os seus pares ouvintes, independentemente do uso de gestos ou fala! Compete aos educadores a implementação de estratégias educativas específicas de modo a permitir um desenvolvimento harmonioso e completo a cada criança surda. Legalmente e moralmente os pais têm direito de decisão sobre o caminho a seguir na educação dos seus filhos surdos e as escolas devem ter profissionais capazes de os ajudar e não de os limitar!
Tendo em conta o movimento de inclusão vivido actualmente, é necessário tomarmos consciência que ao optarmos não devemos olhar apenas para os programas escolares, para as características das crianças e famílias mas também, e sobretudo, para as nossas atitudes e actuações como profissionais de educação. Se queremos e defendemos igualdade de oportunidades para as crianças surdas é obrigatório acomodar cada escola e cada programa às necessidades de cada surdo. Implicará provavelmente acomodarmos as nossas crenças e prioridades! Passar do eu acho para ele precisa! E esta mudança verdadeiramente paradigmática dentro de cada um de nós obriga a saber mais e de forma eclética sobre surdez e surdos!
O movimento de educação inclusiva irá acontecer quando compreendermos as implicações de assumirmos que os surdos são diferentes porque têm experiências de mundo diferentes dos seus pares ouvintes e isto não significa que são menos capazes mas sim que a nossa responsabilidade em saber o que fazer é infinitamente maior e não deve variar ao sabor do politicamente correcto! Deve antes obedecer a critérios rigorosos de conhecimento que permitem uma intervenção cuidada e humana! Para acompanhar e ajudar é necessário ter coragem de afirmar e caracterizar a diferença de ser surdo!
Isabel Monteiro da Costa
Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro
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