terça-feira, outubro 24, 2006

vivenciar experiências

desde o início e passado o choque (durante a gravidez não foi detectada nenhuma anomalia) e o período inicial (o primeiro mês de vida do pedro foi passado numa incubadora a tratar a infecção viral que ainda estava activa), que nos pareceu que o pedro tinha que vivenciar o maior número de experiências possível. aprendemos que durante os primeiros anos de vida o cérebro tem uma plasticidade espantosa porque as ligações entre os neurónios ainda se estão a estabelecer, as vias de transmissão dos estímulos ainda não estão completamente formadas e é possível estabelecer vias alternativas. assim, e como exemplo, se houve destruição do cortex visual, é possível que outras áreas do cortex assumam essas funções. por isso, nunca privámos o pedro de nada e assumimos que lhe proporcionaríamos todos os estímulos a que tinha direito. isto significou andarmos com o pedro para todo o lado, assumí-lo socialmente, o que não é nada fácil. as pessoas olham, as pessoas comentam, mas isso fica para outro post. o que quero partilhar aqui é a importância da estimulação desde o primeiro momento, para ajudar o tecido nervoso danificado a autoreparar-se, estabelecer vias de condução dos estímulos. embora nos primeiros meses de vida o pedro fosse bastante apático em relação ao mundo circundante, nunca o deixávamos em paz. as cócegas, as carícias, o banho, as massagens, etc, etc. música, estímulos visuais. embora ele não pegasse nos objectos, nós colocávamo-los na mão, objectos grandes e pequenos, superfícies lisas e rugosas, tudo o que estava ao nosso alcance. mas atenção: é preciso também criar nestas crianças a necessidade e a iniciativa. se notamos que elas gostam dum determinado objecto quando o colocamos na sua mão ou na sua boca (atenção à fase oral), então não o vamos colocar sempre. esse objecto é um estímulo precioso para o estimular a mover-se. se o deixarmos ao seu alcance, mais tarde ou mais cedo será ele a manipulá-lo e a levá-lo à boca, e saborearemos o prazer de uma pequena vitória.
um apelo: não se fechem em casa com as vossas crianças portadoras de deficiência. tragam-nos para a rua, para as piscinas, para a praia, para os parques infantis, para todo o lado. proporcionem-lhes tudo a que elas têm direito.

13 comentários:

Grilinha disse...

Adorei. Exactamente o mesmo tipo de pensamento que tenho. Parabéns por pensares assim. Vou colocar um link num post meu para aqui, porque eu não teria escrito diferente !!! Beijokas

Mae Frenética disse...

Vim cá pela grilinha.

Subscrevo tudo o q escreveu e digo-lhe: a blogosfera fez mta falta a mta gente, durante mtos anos, qdo ainda nao existia.

Um abraço.

Anónimo disse...

Olá!!

Digo tudo palavra por palavra eu escrevia igual ..... tenho uma situação igual..


Jokitas

Carla

Maria Romeiras disse...

Fantástico amor esse que vos une. Crianças são sempre crianças, filhos são sempre sorrisos. Um abraço grande.

Anónimo disse...

Tenho uma sobrinha cujo diagnóstico mais provável e a paralisia cerebral. Tem 18 meses. Quanto tempo demoraram a aceitar o vosso filho tal como é? Tem sido tão difícil para os pais e para todos nós. Não sei qual a atitude mais correcta para os ajudar.Vim pela grilinha cujo blog acompanho diariamente onde aprendo todos os dias a lidar com esta realidade. Penso que a sua experiência com as duas realidades, uma vez que tem outros filhos sem problemas seja muito enriquecedora para mim. Um abraço.

Avozinha disse...

Bem-vindo, pai do Pedro! Há quem pense que todos os problemas surgem na gravidez, mas viver é sempre um risco. Parabéns por estarem a fazer tudo por transformar uma vida arriscada numa grande aventura. Mas que sorte que tem o Pedro!

paidopedro disse...

para a lina:
obrigado por ter posto essa oergunta, acho que o próximo post vai ser sobre isso, o aceitar. acho incrível que aos 18 meses ainda não haja um diagnóstico!!!! no caso do pedro, como ele nasceu com a infecção viral, fomos logo avisados para os possíveis problemas e a hipotonia foi notória para a neuropediatra praticamente desde o início. a primeira consulta de fisiatria foi com pouco mais de 1 mês e as terapias começaram quase logo de seguida. mas o aceitar é um processo longo, feito de avanços e recuos. agora acho URGENTE começarem já a actuar no caso da sua sobrinha, deixem a aceitação para depois...

*Quicas* disse...

Olá...vim espreitar o vosso blog, recomendado pela Grilinha.
Vejo que o Pedro tem muita sorte em ter uns pais que se preocupam e tentam lhe proporcionar o máximo de experiências possíveis. Acho que os filhos deficientes ainda são um tabu na nossa sociedade, mas é graças a pais como vocês que esta mentalidade pode (e vai) mudar. Acima de tudo, há que pensar no bem estar dos nossos filhos, e aceitá-los como são é para mim o primeiro passo.

beijocas
Quicas e Flor

Anónimo disse...

Força aí grandes mães e pais,os nossos meninos são anjos na terra, tambem tenho um menino com p.c.mas já tem 30 anos e continua a ser o meu menino;Vai comigo para todo lado até para o trabalho;Por ele aprendi a andar devagar para poder caminhar lado a lado para que ele nunca fique para trás;inventei o nosso trabalho temos um atelier de costura onde ele varre as linhas e fás desenhos as minhas clientes adoram-no, não temos que ter preconceitos eles são maravilhosos,temos é que saber caminhar devagar,com alegria e muito amor sempre positivos porque a caminhada é longa.Força obrigados por estes blogues onde eu me revejo de novo tudo de bom para todos.

LOBITAS disse...

olá pai do pedro
Aterrei aqui no teu blog, pela grilinha, que ´tem sido uma pessoa muito boa.
Eu tenho uma menina com miopatia congenita, estamos a invertigar para saber qual é, não tem sido facil, mas criar um blog tem ajudado.
Quero continuar a trocar impressões com voces.
Por falar em sair, parece que apareceu o sol vou aproveitar para is á rua com o meu bebe

Anónimo disse...

É muito bom haver pais como tu, e como a grilinha (se não fosse ela não tinha lido isto!)para dar forças a todos os outros.
Eu admiro-vos imenso e acho que ao escreverem nos ajudam a todos.
Obrigada, como mãe.

Anónimo disse...

E um testemunho para www.paiseficientes.blogspot.com?

SilenceBox disse...

Vós são pais esplêndidos, PAIS GRANDIOSOS, não me cansarei de dizer isto! Este testemunho é uma grande prova de amor! O Pedrito tem muita sorte! As crianças com deficiencia devem ser estimuladas, de todas as formas, desde o primeiro momento! Com muita persistencia e repetição, muitas brincadeiras, muitos estimulos, diarios contactos com a natureza...com tudo isto, haverá progressos nele.