quarta-feira, maio 09, 2007

Eu sei que tu sabes que eu sei

Quando o Pedrinho nasceu eu tinha no meu quarto um postal com a frase "eu sei que tu sabes que eu sei", é daquelas frases que ao longo destes anos ainda continua presente na minha memória e que frequentemente recorro a ela. Lembro-me da primeira consulta de neuropediatria e do tom técnico da Dra ao dizer que me preparasse para o pior e o pior era um túnel sem luz ao fundo. O Pedro dia a dia tem-me mostrado que os piores receios técnicos de uma médica não eram mais do que os seus receios, talvez para que nós pais preparados para o pior, ficassemos contentes com alguns progressos motores, afectivos e cognitivos do nosso Pedrinho. Pois bem, passados 7 anos o Pedro tem-nos surpreendido pela positiva, primeiro com o seu sorriso maravilhoso, depois com os seus abraços afectuosos, mais tarde com a necessidade de comunicar e a adquisição da língua gestual e há relativamente pouco tempo ensaiou a marcha autónoma e hoje em dia é um reboliço para o convencer que não pode andar pela casa toda. Hoje recebemos da Escola o Plano Educativo Individual e no meio das competências gerais e essenciais definidas para o aluno Pedro, acompanhadas da síntese da avaliação psicológia não pude deixar de ler nas entrelinhas os mesmos receios por parte dos técnicos de educação que acompanham o Pedro que outrora recebí da Dra. neuropediatra. No início, tive receio que o meu filho não fosse capaz de conseguir a sua autonomia, tanto a nível motor, como socio-afectivo e cognitivo. Hoje não tenho dúvidas de que se ele for devidamente ajudado e sem receios, conseguirá conquistá-la, apesar da sua diferença. O problema agora é convencer os técnicos a não terem medo e serem capazes de dár-lhe as armas necessárias para um dia ele também ser capaz de voar.

9 comentários:

Anónimo disse...

Situação delicada, complicada.
Acho, eu, que em muitas situações, conseguimos ser mais fortes e mais técnicos do que os próprios médicos/técnicos.
Deem-lhe asas para ele poder voar á vontade!
Abraço.Pedro

Grilinha disse...

Imagino o descanso e orgulho no Pedro e em vós ! Que maravilha, que bom ouvir isto...

É tudo também que ambiciono: um filho feliz e autónomo...
E vocês já lá chegaram ! Claro que ainda tem de treinar muito o vôo e depois têm de achar uma pista, um aeroporto...
mas um passo de cada vez, não é?
Um beijo grande de felicidade.

Anónimo disse...

grilinha, parece-me que não leste bem o post...

Grilinha disse...

Acho que li sim...eu tenho um concepção muito pouco confiante sobre os técnicos de educação e as outras pessoas em geral. Na prática, acho que são vocês quem mais terá de se empenhar para ele aprender a voar...porque pos outros, incluindo técnicos de educação, muito facilmente substimam, julgam pela aparência ou simplesmente têm preconceito...
Quando chegar a altura, se notar falta de empenho ou de acreditar, eu tomo o assunto em mãos e mostro como é...A propósito, já viram alguma vez, My left foot ?
Uma beijoka

__Isabel__ disse...

Esses receios eu também os tenho.
Saber que eu não vou durar para sempre para poder apoiar o meu filho toda a vida deixa-me por vezes angustiada...mas agora tento preparar o melhor caminho para ele. Já cheguei à conclusão que eu não posso fazer com que ele faça aquilo que EU quero mas tenho de explorar aquilo que ELE é capaz de fazer. Um dia de cada vez!

Beijinhos

LOBITAS disse...

Eu ando a sentir algo semelhante em relação ao facto de ja sabermos o diagnostico, pois percebo que o limite se encolheu para os técnicos e tenho a sensação de que há um relachamento pelo facto de a maior parte das crianças que têm esta caracteristica nunca chegarem a andar, luto diáriamente contra este facto, mas por vezes não sei muito bem o que fazer, porque em termos de trabalho continuam a fazer tudo, mas psicológicamente verifico esta situação....
A evolução do Pedro pelo que descreves tem sido fantástica, estão todos de parabéns.
Tudo de bom para vocês

LOBITAS disse...

Eu ando a sentir algo semelhante em relação ao facto de ja sabermos o diagnostico, pois percebo que o limite se encolheu para os técnicos e tenho a sensação de que há um relachamento pelo facto de a maior parte das crianças que têm esta caracteristica nunca chegarem a andar, luto diáriamente contra este facto, mas por vezes não sei muito bem o que fazer, porque em termos de trabalho continuam a fazer tudo, mas psicológicamente verifico esta situação....
A evolução do Pedro pelo que descreves tem sido fantástica, estão todos de parabéns.
Tudo de bom para vocês

Berço de Amor disse...

Tenho o mesmo problema na escola com a aprendizagem. Parece que os professores continuam a achar que o André nunca vai escrever nem ler e só o põem a tentar fazer desenhos. Eu sei que ele ainda está muito distante mas sinto que não insistem como deveriam... Temos mesmo de ser nós a nunca desistir

Anónimo disse...

Guerreira, lá está, não estão a ser bons profissionais, não estão a ajudar o desenvolvimento do André, pois eles são uns dos meios importantes para desenvolvimento.. a seguir aos pais.

Quanto ao Pedro, acredito que com a persistência e vontade dos pais, ele vai conseguir ser um grande exemplo no futuro para todas as pessoas com o mesmo problema.

confissoesdeumasurda.blogs.sapo.pt