o tempo parou por um instante
"quando a coisa não der mais, sei muito bem o que me resta fazer" ligeira pausa " a mim e à minha filha". a frase saiu assim, não em desespero, mas com aquela emoção contida de ideia maturada, longamente pensada. o tempo parou por um instante, percebemos perfeitamente o que ela queria dizer. tinhamos acabado de a conhecer. antes tinha-nos contado como estava falida, a casa várias vezes hipotecada. a filha, adulta jovem, tetraplégica após um acidente, nem consegue enxotar uma mosca que lhe pouse no nariz, nem se consegue mexer na cama quando a posição a incomoda, algaliada, duas empregadas para cuidar dela permanentemente, 3000 euros de despesas mensais, fraldas, algalias, cremes para evitar escaras, e tudo o mais. professora universitária, olhar vivo e inteligente, uma mulher que se recusa a desistir de si própria e passar a ser apenas a mãe da filha inválida, à procura de respostas e soluções que a sociedade não dá.
6 comentários:
Pois é a sociedade não resolve, nem dá resposta, e quando tenta é sempre "mal e porcamente...!"
vamos constatando que a resposta apenas está em nós, e apenas a nós, perante a exaustão cabe decidir...
não acredito nas respostas da sociedade...
Até fiquei arrepiada com o depoimento, realmente a nossa sociedade não é exemplo de maneira nenhuma para situações menos faceis.
No nosso caso particular temos ainda muita esperança que tudo venha a correr melhor, eu deixei o meu trabalho para ficar com a lobita e tenho noção que ela esta a recuperar muito mais do que se não o fizesse, pois é um trabalho exigente e diario mas a melhor recompensa é realmente as melhoras dela. Como é evidente só com o ordenado do meu marido as coisas ficam apertadinhas, mas possiveis, temos a noção de que estamos a fazer o mais correcto para a lobita.
Um grande abraço e muita Força para pessoas corajosas como as vossas amigas.
Tudo de bom para vocês
do meu ponto de vista penso que a decisão da "lobitas" foi mesmo acertada!!! "vai valer a pena..." na senda da canção brasileira, aplicada aqui a um outro ´real`..
todavia devemos ter em conta que esta situação da jovem/adulta tetraplégica e sua mãe, pertence a uma área outra...
...tudo foram rosas e bons momentos, e um dia, abruptamente a vida da jovem e família sofrem uma inversão de 180 graus...
no caso de lobitas e grupo de jovens pais com crianças com problemas de desenvolvimento motor e outros, penso que é mesmo diferente... trata-se de uma construção lenta que acontece no mais fundo de cada pai/mãe, e , penso, tudo é mais ´suave`, tratando-se de uma aceitação gradual que acaba por ser integral... a partir de progressos alcançados...
parabéns por ter decidido ficar por uns tempos , apenas com a sua filha!
são efectivamente duas situaç~eos completamente diferentes, esta e a da lobita. neste caso não há investimento no futuro, não há o aspecto temporário. é definitivo, sem qualquer esperança de reabilitação. ficar em casa, seria a completa anulação.
pois é!so contamos para pagar impostos!!!para o estado somos so estatistica.Somos o numero tal nas finanças,o nºtal no cartao de eleitor...mas ninguem quer saber quem realmente somos,nem o que realmente precisamos.ainda assim acredito nas pessoas,digo,abaixo da esfera governamental e governamentalizada.
felicitei a decisão da lobitas , no seu caso específico, de ficar em casa, durante algum tempo,(sublinho) para potenciar a reabilitação da Filha, não me reportava à situação apresentada...todavia existem formas incondicionais de amar...e há ´trabalhos`, que eu sei lá... é necessário ponderar, não em definitivo, porque tudo está sempre em qberto e a mudar...
...(mas também tento compreender que por vezes o resultado do trabalho, é absolutamente necessário...)
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